A ludoterapia é a psicoterapia voltada para o tratamento psicológico de crianças e tem como principal ferramenta a brincadeira e a expressão criativa sendo extremamente lúdica e relevante ao momento da criança. Enquanto a criança se diverte com brincadeiras orientadas, o terapeuta infantil identifica aspectos psicológicos importantes para cada uma e consegue ajudar a criança a compreender e superar questões emocionais.
A ludoterapia é indicada em todas as fases da infância, tendo habilidades e funções diferentes em cada fase da vida.
Como aplicar ludoterapia na Infância?
A ludoterapia é especialmente recomendada para crianças, pois essas estão em seu auge criativo, em especial dos 3 aos 7 anos a capacidade de imaginar da criança é tão ampla que ela pode confundir imaginação com realidade, por exemplo criando amigos e situações imaginárias.
Partindo dessa perspectiva, percebemos que é natural para a criança usar a imaginação para lidar com a realidade, a ludoterapia possibilita a condução dessa imaginação, tornando mais fáceis situações complexas e emocionalmente dolorosas.
Alguns pontos são importantes de serem observados ao se falar com os pais, esses pontos revelam que tipo de atenção especial você deve dar a cada criança:
- Choro excessivo
- Irritabilidade
- Timidez excessiva
- Birras e malcriações
- Isolamento
- Agressividade
- Medo de ficar em determinado ambiente sozinho
- Ciúmes após a chegada do (a) irmão (a)
- Necessidade extrema de proximidade com os pais
- Enurese e encoprese (dificuldade de controlar urina e fezes)
- Dificuldades escolares
- Recusar ir à escola de forma repentina
- Demora a falar ou andar
- Separação dos Pais
- Perda de algum familiar
- Mudanças no comportamento em geral
É sempre importante lembrar que os pais precisam estar junto da criança sempre que solicitados e participar sempre do acompanhamento e desenvolvimento das sessões. Porém, é muito importante que o terapeuta esteja sempre focado no bem-estar e felicidade da criança e não na satisfação das expectativas dos pais.
Crianças de 3 a 5 anos
Antes dos dois anos, a criança ainda está na fase oral, nessa fase a interação da criança com o mundo externo se dá pela boca (período em que a criança coloca tudo na boca), nessa fase a ludoterapia tem pouca eficiência. Porém, a partir dos 3 anos, especialmente após a fase do desfralde, a criança entra na fase anal, essa fase envolve o fazer e o criar e por isso a imaginação e criatividade começam a ser grande parte da vivencia infantil, logo, nessa fase várias questões emocionais podem ser muito simplificadas com ferramentas da ludoterapia.
Nesse período é comum que a criança se sinta irritada ou frustrada por ter que abandonar as fraldas; é também a fase em que a criança tem prazer em pegar e tocar as próprias fezes. Por isso é legal que a criança possa sublimar essas emoções em outras coisas como socar um João-bobo para liberar raiva e frustração e apertar e esfregar massinha ou outras coisas que tenham textura similar a das fezes.
Fazer sujeira como poder pintar na parede, jogar coisas no chão e brincar com lama também são muito úteis para que a criança aprenda a lidar com o superego que começa a receber ordens de arrumação, limpeza e comportamento adequado. O mais importante é ter tempo claro e estipulado para isso. Após a brincadeira, faça os alunos ajudarem na limpeza e arrumação, pois isso mostra senso de responsabilidade e consequência. Pode brincar de sujar, mas tem hora e local para isso.
Para essa idade a terapia individual é mais recomendada do que a em grupo.
Crianças de 6 a 8 anos
Esse é o período do complexo de Édipo e castração. A relação com os pais está alterada. As atividades, então, devem incluir imitar os pais, para que o profissional perceba como está a percepção daquele pai/mãe para a criança e de sua conexão com os pais.
Para trabalhar a castração, o terapeuta pode fazer brincadeiras sobre linha do tempo, mostrando que todos os adultos já foram criança e todas das crianças serão adultos e que todos convivem em harmonia.
Fazer atividades mistas entre meninos e meninas também ajuda na diminuição da rivalidade entre os sexos. Outra coisa legal é desmistificar papéis sociais mostrando bailarinos homens e jogadoras de futebol feminino, ou simplesmente vestir as meninas de azul e os meninos de rosa.
É um bom momento para o desenvolvimento social; por isso aprender a se destacar e a trabalhar em grupo, serão habilidades úteis por toda a vida. Faça jogos colaborativos e reveze as crianças que irão comandar e obedecer. Esse é um excelente exercício para a vida.
Para essa idade a terapia em grupo é mais recomendada do que a individual.
Crianças com mais de 8 anos
Nessa fase a criança está no auge do período de latência, fase muito importante para o desenvolvimento intelectual e social; por isso, dois pontos principais precisam ser mais bem desenvolvidos: habilidade social e estímulo intelectual.
Crianças nessa idade precisam ser desafiadas intelectualmente. O terapeuta pode começar a contar ou encenar histórias, deixando que a criança construa o final.
A partir dos oito anos a criança começa a ser mais cobrada pelos pais. Se essa criança não costuma ouvir muitos nãos, ela pode se tornar extremamente reativa quando as coisas não forem do jeito que ela quer. Já a criança que ouve não demais, pode não saber se impor e até se sentir intimidada por adultos. O trabalho do terapeuta deve se calcar em premiar o não, dizer não a algo desejado pela criança e depois premiá-la com algo melhor do que aquilo antes desejado. Assim, o “não” se transforma em algo positivo, sendo mais fácil aceitá-lo.
Técnicas de inteligência sócioemocional são muito importantes nessa fase da vida. Para essa idade tanto a terapia em grupo quanto a individual são igualmente recomendados.
Crianças especiais
Crianças especiais nem sempre seguem as fases de desenvolvimento da idade ou pelo tempo regular, então antes de começar a terapia é importante fazer uma avaliação para identificar em qual fase psicológica e cognitiva a criança está e assim ajustar às ferramentas corretas.
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