Psicologia das massas e análise do ego
Psicologia das massas estuda um fenômeno bastante intrigante: as ações do homem dentro de um conjunto social. Freud se dedica a entender a diferença entre o comportamento das pessoas quando estão juntas a outras e quando estão sozinhas. O olhar principal de Freud é para a ação das pessoas em tempos de guerra.
Freud entende que as pessoas têm muito medo de serem julgadas pelas outras e por isso tendem a não discordar de grupos. Porém, a psicologia das massas vai além do medo do julgamento. Ela tem fundamento biológico e evolutivo. O ser humano é um animal social e, portanto, tem necessidade de pertencer a grupos. O pertencimento se dá por características em comum que vão desde gosto musical e maneira de se vestir até a forma de pensar.
Dessa maneira, o instinto de pertencimento suspende o senso crítico e faz a pessoa agir por impulso, motivada pelas emoções desenvolvidas no grupo. Se um grupo com o qual você se identifica está enervado, é natural que você também fique assim, mesmo que o motivo que enervou o grupo não cause o mesmo sentimento em você. Essa emoção tem relação com a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro de tal forma que passamos a parecer mais com o outro do que com nós mesmos.
A Alemanha nazista é um bom exemplo desse pensamento de massa. Antes de Hitler, a sociedade alemã era uma das mais liberais da Europa, porém, o nazismo não tocou nos valores individuais de cada um e sim no valor de grupo e pertencimento. Os alemães passaram a se sentir parte de algo maior, sentiam pertencer a um grupo, a uma nação. Sendo assim, se essa nação é antissemita, os indivíduos vão se comportar assim, mesmo que internamente isso não faça sentido para eles.
A psicologia das massas tenta entender fenômenos relacionados a preconceito, intolerância, religião, extremismo, violência e desvio do padrão comportamental em geral. O homem sempre se molda ao grupo e essa modelagem é natural e inconsciente e, por isso, tão difícil de ser identificada pela pessoa que pode acabar confundindo o eu com o grupo.
Dessa forma a psicologia das massas é importante tanto para entender o grupo, quanto para a compreensão do indivíduo pertencente ao grupo. É comum a sensação de estranhamento do indivíduo em relação às ações e pensamentos que teve enquanto estava em grupo.
Sociedade
“O homem é um animal social”. Essa frase do filósofo grego Aristóteles provém de uma de suas teorias que defende o ser humano como um indivíduo que não só gosta, mas precisa estar em sociedade para viver plenamente. Ainda afirma que o homem não pode ser feliz fora da sociedade (sozinho).
Essa não é uma característica exclusiva humana, há vários animais sociais na natureza como os lobos, leões e muitos outros. Esses animais não conseguem viver fora de seus grupos e costumam morrer se são expulsos e se perdem. Alguns morrem pois não sabem caçar ou se defender sozinhos, mas muitos simplesmente desistem e se isolam esperando a morte chegar.
Diante dessa percepção, a sociedade é fundamental, pois nela criamos relacionamentos pessoais e profissionais. É através da socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade. Em outras palavras, a socialização é o processo de adquirir conhecimento social, é o processo que transforma o ser humano de um ser biológico para um ser social.
No processo de socialização, portanto, existem dois aspectos mutuamente associados: a pressão social e a individualização.
Pressão Social
Pressão social é a tentativa da sociedade de moldar o comportamento do indivíduo. Isso acontece desde a infância e passa por toda a vida adulta, desde os valores éticos, religião, moda, estilo musical etc. É necessário ceder em algum nível às pressões sociais, pois é assim que você se identifica como membro de uma sociedade e é reconhecido pelo grupo. Por outro lado, tem que se tomar cuidado para não ceder excessivamente, pois pode perder sua essência e personalidade, sendo desvalidada enquanto indivíduo.
Individualização
A tentativa da pessoa de manter sua singularidade enquanto faz algumas concessões aos vários grupos dos quais é membro. É a tentativa de se destacar em meio a sociedade que tenta igualar as pessoas por meio da pressão social, é a definição de quem você é dentro da sociedade.
Desenvolvimento Social
Durante a infância, a criança participa da sociedade por meio dos pais e cuidadores e desenvolve sua individualização a partir do que os pais fornecem de experiências e informações.
Ao entrar na escola, por volta dos 6 anos, a criança expande a sua socialização para os colegas e professores, criando assim novas percepções e aprendendo a lidar com pressões sociais conflitantes, pois as regras na escola e em casa muitas vezes são diferentes. Assim a criança aprende que comportamentos sociais variam de acordo com a o ambiente que ela está.
Na adolescência, a sociedade ganha um novo aspecto, pois a puberdade leva o jovem a buscar instintivamente parceiros sexuais. Assim, a pressão social passa a ser muito maior vinda de seus pares (outros jovens) do que de autoridades (pais, professores etc). É também nessa fase que a criança mais sofre com a pressão social, pois sente uma necessidade intensa de participar da sociedade, ao mesmo tempo que quer se destacar e desenvolver seu próprio processo de individualização.
Para mais conteúdo sobre desenvolvimento social você pode ler o artigo O papel da família na educação escolar aqui no nosso blog.