O QUE É PSICANÁLISE?

Psicanálise é o método clínico criado por Sigmund Freud (1856 – 1939) e desenvolvido ao longo dos anos por nomes como Lacan e Jung e que permite compreender o funcionamento da mente humana e como nossos processos mentais formam nosso comportamento e interpretações  cognitivas, tornando possível tratar distúrbios mentais e neuroses.

A psicanálise procura acessar o subconsciente ou inconsciente – nome dado à parte da nossa mente onde se desenvolvem as emoções e os processos não racionais.  O inconsciente, por não ser racional, é desconhecido para nós e a psicanálise busca compreendê-lo na relação entre os desejos, dores e motivações e alterar pensamentos e comportamentos nocivos. Segundo Freud, o pai da teoria, o inconsciente domina a maioria dos nossos processos psíquicos e é originado pelos desejos sexuais. Nos dias de hoje, acredita-se que 85% das nossas ações são tomadas por motivações do inconsciente e não racional. Embora alguns estudos apontem isso, esses dados não são qualificados cientificamente.

Sendo assim, objetivo do estudo da psicanálise é compreender a relação inconsciente/consciente nos nossos pensamentos e comportamentos. Dessa teoria vem a psicoterapia, que nada mais é que a aplicação clínica desse estudo. A arte é uma ferramenta importantíssima para a conexão entre inconsciente e consciente.

Freud

Para Freud todos os nossos desejos e instintos são motivados por energia sexual (libido). Essa seria a energia psíquica que motiva a preservação da vida, reprodução e vida em sociedade. Já a cultura, moral e comportamentos sociais são moldados pela sociedade onde vivemos. A combinação das duas coisas forma a nossa psique, uma complexa relação entre repressão e sublimação de desejos.

Todas as nossas memórias estão “guardadas” no nosso inconsciente. Ou seja, a nível inconsciente, nos lembramos de tudo que nos aconteceu, desde o útero materno. Essas lembranças e experiências deixam marcas que vão moldando nosso comportamento e pensamentos. Porém, conscientemente, não lembramos de muitas coisas e por isso acabamos agindo de forma contrária àquela que desejamos.

Freud então notou que às vezes deixamos “escapar” informações contidas no nosso inconsciente. Essas informações são fundamentais para entender aquele pensamento ou comportamento que queremos eliminar ou modificar. A partir disso, foi elaborado o processo terapêutico da livre associação, onde o psicanalista deixa o paciente falar livremente e se atém as suas palavras, ficando pronto para “capturar” as informações que o inconsciente deixou “vazar” através da fala. Esse vazamento do inconsciente é chamado de ato falho.

A partir desse método é possível encontrar os motivos de determinadas neuroses ou a explicação de certos comportamentos nocivos dos seus pacientes.

Quer saber mais sobre Freud e a psicanálise? Já fizemos conteúdo com esse assunto. Dê uma conferida!

Ego, Id e Superego: Teoria estrutural

Ainda de acordo com a Teoria da Psicanálise de Freud, a teoria estrutural dá um arcabouço da estrutura do nosso inconsciente. Por essa teria o inconsciente pode ser dividido em três construções psíquicas, são elas Ego, Superego e ID.

O que é id?

Id é onde se encontram os instintos e pulsões relacionados ao prazer, como os desejos inconscientemente carnais, materiais e sexuais, por exemplo.

O que é ego?

Ego é a parte conhecida do cérebro, também ligada ou consciente. Nela há o desenvolvimento da personalidade, construção de valores sociais e morais e autoconhecimento. É também o ponto de ponderação e busca de equilíbrio entre o id e superego.

O que é Superego?

Superego é construído, de acordo com nosso ego, pela sociedade e a cultura que nos cerca. É a parte que nos permite viver em sociedade e desenvolver relações com o outro, forma grande parte do nosso ego e suprime as pulsões do id.

Id, ego e superego são igualmente importantes para a construção humana. Na camada mais simples, sem id, não teríamos instintos básicos como chorar, nos alimentarmos ou fugirmos do perigo; sem ego não compreenderíamos as nossas próprias dimensões, limites e emoções; e sem o superego não conseguiríamos viver em sociedade e desenvolver a nossa racionalidade (consciente). A supressão ou a exaltação excessiva de um dos três causa a grande maioria dos transtornos mentais e sociais que conhecemos. Dessa forma, devemos sempre procurar o equilíbrio entre id, ego e superego para termos qualidade de vida e saúde emocional.

Quer saber mais sobre o ego ou quer saber o que é alter ego? Deixe nos comentários.

Consciente e Inconsciente: Teoria topográfica

Freud era médico de formação; ainda jovem interessou-se pela neurologia e começou a estudar um fenômeno psicocomportamental que, na época, foi chamado de histeria (esse nome não é mais usado para definir esse fenômeno). Em seu convívio com mulheres histéricas, Freud percebeu que as explicações para o fenômeno não eram suficientes, nem era possível entender a histeria no modelo de mente compreendido pela ciência da época. Freud, então, rompeu com a medicina tradicional e passou a tentar entender a mente à partir dos relatos de seus pacientes. Dessa forma surge a psicanálise, calcada na teoria geral da personalidade, que baseava o estudo da mente naquilo que ela expressa e não na compreensão fisiológica da dissecação do cérebro, como é feito na neurologia, criando assim o método da psicoterapia.

Com a nova metodologia, surgiu também um novo modelo de mente, o modelo topográfico (do grego “topos” que significa lugar). A mente passa a ser dividida em três “lugares” sendo eles o consciente, o subconsciente e o pré-consciente. A medicina da época só era capaz de descrever o consciente, e foi preciso a psicanálise para compreender os outros dois.

O que é consciente?

O significado de conscienteé aquilo que conhece, ou seja, é a parte racional e lógica. No estado consciente sabemos o que pensamos, sentimentos, falamos e fazemos. São todas as idéias que os indivíduos estão cientes (consciente) de existir / pensar.

O que é pré-consciente?

Pré-consciente é o estado das idéias que estão “à margem” de vir ao consciente: não estão no inconsciente imediato, mas também não se encontram “enterradas” no inconsciente. As informações no pré-consciente podem ser encontradas através da atenção, do foco e da necessidade imediata. Os sonhos são comumente a expressão das informações “armazenadas” no nosso pré-consciente.

O que é inconsciente?

Inconsciente significa o que não se conhece, também chamado de subconsciente. O inconsciente é o lugar que armazena nossas emoções, memórias e ideias reprimidas ou censuradas. O subconsciente não é naturalmente acessado pelo consciente. Mesmo assim, todos os desejos e idéias reprimidas, censuradas e inacessíveis ao estado consciente, acabam por afetar os comportamentos, muitas vezes que forma tão drástica que promovem o desenvolvimento de transtornos emocionais e sociais.

Quer saber mais sobre o consciente e o inconsciente? Deixe sua dúvida no comentário que eu respondo.

Libido

A Psicanálise de Freud se sustenta pela teoria da libido. Freud entendia a libido não só como o desejo sexual, mas como a energia que orienta as relações pessoais e a construção da família.  Libido então é uma energia que se dirige aos objetos de nossos desejos. Nossos interesses de desejo sempre visam a autoconservação, podendo ser física, biológica, intelectual, etc. Em suma, a Libido é a energia em direção àquilo que gera prazer; é um esforço que busca a satisfação na ligação com o objeto. Sendo assim, nossos esforços são sempre em prol de organizarmos as melhores e mais simples formas de encontrarmos prazer, desenvolvendo um cálculo de “o máximo de prazer pelo mínimo de esforço (dor)”. Freud chamou esse cálculo de Teoria da economia de nossos afetos.

Algumas pessoas orientam o objeto de prazer para si, sendo quem deseja e o objeto desejado. Essa forma de distribuir a libido se chama narcisismo e se define pelo encontro do prazer em si mesmo e não no outro. Como consequência os outros são menos relevantes já que não são meios de prazer, uma vez que o objeto sexual não é externo e o impulso em direção ao objeto sexual rege todo o comportamento humano.

Porém todos os impulsos da libido passam pela repressão do superego, construído socialmente. Isso porque as “regras” impostas pelo superego são de ordem social, e quando não cumpridas geram retaliação, logo dor. A ansiedade, por exemplo, está relacionada à algum impulso libidinoso insatisfeito. Exacerbando seus anseios e medos em busca da sobrevivência como um desejo não resolvido de um amor não correspondido, um objetivo não alcançado e o medo de perder ou de não repetir aquele prazer conhecido. O cálculo da teoria da economia dos afetos sempre busca o máximo de prazer com o mínimo de dor. Sendo assim, diante de uma dor que pode ser intensa, é preferível reprimir a libido a fim de evitá-la.

Quando esse cálculo entre prazer e dor feito pelo ego se perde, ocorrem as neuroses e perversões. Todo ser humano, por mais mentalmente saudável que pareça ser, é neurótico e pervertido. São a intensidade e a quantidade de neuroses e perversões que separam o homem saudável do patológico.

Gostou de saber sobre a libido? Quer mais informações sobre o desenvolvimento sexual humano? Deixe aqui nos comentários.

Como a mente funciona?

Os princípios do funcionamento mental foram elaborados por Freud em 1911, quais sejam: o princípio de prazer e o princípio de realidade. Esses dois princípios regem a dinâmica do funcionamento psíquico.

O princípio de prazer é a busca constante do inconsciente para conseguir o máximo de prazer e evitar ao máximo a dor (desprazer). Evitar a dor significa afastar-se de qualquer memória que remeta aquela dor, isso leva a fenômenos de proteção como e esquecimento e recalque. 

O princípio da realidade busca a satisfação social e é regulado pelas pressões externas que orientam o comportamento humano, possibilitando, assim, a vida em sociedade. O princípio da realidade contém em si um prazer; por isso, em muitos momentos de nossa vida substituímos (sublimamos) a energia libidinal em busca do prazer pelo o princípio de realidade. Isso é o que acontece no período de latência, no desenvolvimento psicossexual infantil, por exemplo.

Freud também nota que alguns estímulos possuem relação dúbia entre prazer e desprazer. A dor física, por exemplo, pode ser lida inicialmente como um desprazer, mas pode revelar-se significativamente prazerosa. Daí algumas pessoas praticarem automutilação e masoquismo.

Por fim, temos que entender que embora esses dois princípios disputem entre si, eles também se sobrepõem, tornando o princípio de um, a realização de outro. Essas duas energias – hora contrárias, hora aliadas – desenvolvem toda a dinâmica de prazer e renúncia que constroem nossos caminhos psíquicos.

 A mente humana é fantástica! Para entendê-la melhor já falamos sobre desenvolvimento infantil, recalque e repressão e complexo de Édipo e de castração. Vai lá conferir!

Ensaios sobre a Teoria Sexual

Freud observou que as crianças já apresentavam instintos sexuais bem antes da puberdade. Ele relacionou uma série de práticas infantis e percebeu o desenvolvimento da sexualidade. Esses comportamentos observados foram unidos com a teoria do inconsciente e a “interpretação dos sonhos”, escrito em 1899, já colocava a sexualidade como força motriz das ações e desejos humanos. Em “Ensaio sobre a teoria sexual”, de 1905, Freud elabora suas principais teorias sobre o desenvolvimento psicológico humano como a inveja do pênis, o complexo de Édipo, a síndrome da castração e as fases do desenvolvimento psicossexual.

Desde que começaram os estudos sobre a sexualidade humana, Freud observou a manifestação libidinal em crianças e elaborou a teoria do desenvolvimento psicossexual. De acordo com essa teoria, a manifestação libidinal em crianças ocorreria em etapas, estando elas ligadas à área na qual a libido está mais concentrada. Segundo Freud, existem seis fases: a fase oral, a fase anal, a fase fálica, o período de latência e a fase genital.

A fase oral se inicia com o feto ainda do útero. É possível identificar que mesmo na barriga da mãe, bebês chupam dedos das mãos e até dos pés. Nessa fase o prazer é percebido pela boca. Isso é vital para que a criança sugue e se alimente do leite materno. Obtendo prazer ao colocar coisas na boca, o ato de mamar é intensamente prazeroso, o que motiva a criança a mamar com mais frequência, o que o torna forte e bem alimentado.

A segunda fase é a anal, onde o foco do prazer está na recém adquirida capacidade de controlar a bexiga e a evacuação, essa capacidade gera prazer ao evacuar e urinar. Nessa época, a criança já é capaz de controlar essas ações e por isso começa a ser ensinada a largar as fraldas e usar o vaso sanitário. Nesse momento, a criança descobre uma luta entre o id (prazer) e o superego (necessidade); é o inicio do desenvolvimento do superego dentro da topografia mental humana. Porém, ao desenvolver o controle e a aprovação externa, a criança sente prazer pelo sentimento de independência e realização e também o de frustração quando não consegue realizar as demandas sobre ela (fazer xixi na cama, por exemplo).

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