Freud era médico de formação. Ainda jovem, se interessou pela neurologia e começou a estudar um fenômeno psicocomportamental que na época era chamado histeria (esse nome não é mais usado para definir esse fenômeno). Porém, em seu convívio com mulheres histéricas, Freud percebeu que a as explicações existentes para o fenômeno não eram suficientes para desvendá-lo. Nem mesmo o modelo de mente compreendido pela ciência da época, conseguia explicar histeria.
Assim sendo, Freud rompeu com a medicina tradicional e passou a tentar entender a mente a partir dos relatos de seus pacientes. A partir disso surgiu a psicanálise, calcada na teoria geral da personalidade, que baseava o estudo da mente naquilo que ela expressa e não na compreensão fisiológica da dissecação do cérebro, como é feito na neurologia. Assim foi criado o método da psicoterapia.
Todas as nossas memórias estão “guardadas” no nosso inconsciente. Ou seja, a nível inconsciente nos lembramos de tudo que nos aconteceu desde que estamos no útero materno. Essas lembranças e experiências deixam marcas que vão moldando nosso comportamento e pensamentos. Porém, conscientemente não nos lembramos de muitas coisas e por isso acabamos agindo de forma contrária àquela que desejamos.
Para Freud, todos os nossos desejos e instintos são motivados por energia sexual (libido). Essa seria a energia psíquica que motiva a preservação da vida, reprodução e vida em sociedade. Já os valores, lembranças e comportamentos sociais são moldados pela sociedade onde vivemos. A combinação das duas coisas forma a nossa psique, uma complexa relação entre repressão e sublimação de desejos.
Livre associação: Método Freudiano
Freud então notou que, às vezes, deixamos “escapar” informações contidas no nosso inconsciente. Essas informações são fundamentais para entender aquele pensamento ou comportamento que queremos eliminar ou modificar. A partir disso, foi elaborado o processo terapêutico da livre associação, onde o psicanalista deixa o paciente falar livremente e se atém às suas palavras, ficando pronto para “capturar” as informações que o inconsciente deixou “vazar” através da fala. Esse vazamento do inconsciente é chamado de ato falho.
A partir desse método é possível encontrar os motivos de determinadas neuroses ou a explicação de certos comportamentos nocivos dos seus pacientes.
Teoria estrutural
Ainda de acordo com a Teoria da Psicanálise de Freud, a teoria estrutural dá um arcabouço da estrutura do nosso inconsciente. Por essa teoria, o inconsciente pode ser dividido em três construções psíquicas. São elas:
- Id: onde se encontram os instintos e pulsões relacionados ao prazer, como os desejos inconscientemente carnais, materiais e sexuais, por exemplo.
- Ego: é a parte conhecida do cérebro, também ligada ou consciente. Nela há o desenvolvimento da personalidade, construção de valores sociais e morais e autoconhecimento. É também o ponto de ponderação e busca de equilíbrio entre o id e superego.
- Superego: é construído de acordo com nosso ego pela sociedade e a cultura que nos cerca. É a parte que nos permite viver em sociedade e desenvolver relações como o outro. O superego forma grande parte do nosso ego e suprime as pulsões do id.
Id, ego e superego são igualmente importantes para a construção humana. Na camada mais simples, sem id, não teríamos instintos básicos como chorar, nos alimentarmos ou fugirmos do perigo. Sem ego não compreenderíamos as nossas próprias dimensões, limites e emoções. Sem o superego não conseguiríamos viver em sociedade e desenvolver a nossa racionalidade (consciente). No entanto, a supressão ou a exaltação excessiva de um dos três, causa a grande maioria dos transtornos mentais e sociais que conhecemos.
Dessa forma, devemos sempre procurar o equilíbrio entre id, ego e superego para termos qualidade de vida e saúde emocional.
Teoria topográfica
Com o surgimento de uma nova metodologia, a psicoterapia, surgiu também um novo modelo de mente, o modelo topográfico. A mente passa a ser dividida em três “lugares” (topos em grego significa lugar) sendo eles o consciente, o subconsciente e o pré-consciente. A medicina da época só era capaz de descrever o consciente e foi preciso a psicanálise para compreender os outros dois.
Consciente: é a parte racional e lógica. No estado consciente sabemos o que pensamos, sentimos, falamos e fazemos. São todas aquelas idéias que os indivíduos estão cientes (consciente) de pensar/existir.
Pré-consciente: é o estado das idéias que estão à “margem” de vir ao consciente. Não está no inconsciente imediato, mas também não se encontra “enterrada” no inconsciente. As informações no pré-consciente podem ser encontradas através da atenção, do foco e da necessidade imediata. Os sonhos comumente expressam informações “armazenadas” no nosso pré-consciente.
Inconsciente: é o “lugar” que armazena nossas emoções, memórias e ideias reprimidas ou censuradas. O inconsciente não é naturalmente acessado pelo consciente, mas afeta nosso comportamento. No inconsciente ficam guardados todos os desejos e ideias reprimidas, censuradas e inacessíveis ao estado consciente, mas que acabam por afetar os comportamentos, muitas vezes de forma tão drástica que promovem o desenvolvimento de transtornos emocionais e sociais.