Ao identificar a diferença entre meninos e meninas, a criança começa a acreditar que as meninas tiveram seu pênis arrancado, castrado. Isso gera raiva nas meninas, por pensarem ter sido mutiladas; já nos meninos, gera medo de também poder perder seu membro. Desta forma as meninas se ressentem dos meninos, pois eles ainda têm pênis e os meninos desejam se afastar das meninas para não serem “confundidos” e acabem por perder seu pênis também. A este processo, Freud chama de síndrome da castração.
Somente na puberdade é que a ideia de oposição entre masculino e feminino é trocada pela idéia de complemento (para fins reprodutivos) e a menina ganha outro valor social, pela capacidade de gerar um filho.
Nesse mesmo período, a criança começa a se identificar como menino ou menina e identificar as outras pessoas que pertencem a esse grupo. A menina, então, percebe a figura da mãe como aquela que ocupa o espaço da mulher na vida adulta e o menino tem a mesma percepção com relação ao pai.
Complexo de Édipo
Ao se ver adulto em seus pais, a criança entende que, para que ela possa crescer, terá que eliminar aquele que hoje assume o lugar de homem/mulher. Assim nasce o complexo de Édipo nos meninos e complexo de Electra ou complexo de Édipo feminino (Freud não gostava do termo Electra) nas meninas.
Os dois complexos se dão da mesma forma, diferenciando apenas os papéis da figura materna e paterna. Enquanto os meninos passam a desejar matar seu pai e casar-se com sua mãe, as meninas desejam o pai e querem eliminar a mãe.
Na menina, durante os 3 ou 4 primeiros anos de vida, o vínculo com a mãe é muito grande, mas depois ela começa a buscar, cada vez mais, a atenção do pai. Ao chegar à fase de Electra, a menina fantasia (brinca) ser adulta: quer usar as roupas da mãe, maquiagem e ter filhos (brincar de boneca). É comum na brincadeira a menina dizer que “agora eu sou a mamãe”, “agora você que é a filha” ou “o papai é meu marido”. Esse tipo de brincadeira é a exposição lúdica do desejo inconsciente de substituir a mãe.
Com o menino, o vínculo com a mãe é mais forte até os seis anos e é comum que ele ignore ou não leve em conta a figura do pai. Durante o complexo de Édipo, o menino costuma chamar a atenção da mãe e ter muito ciúme da relação amorosa dos pais. As brincadeiras dos meninos ficam relacionadas ao dia-a-dia dos pais como trabalhar, dirigir, etc. É normal que a criança se esforce para “excluir” o pai da dinâmica familiar, recusando que ele brinque ou leia para ele dormir, por exemplo.
Quando acaba o complexo de Édipo?
O complexo de Édipo termina ao final da infância, inicio da adolescência, por volta dos 13 anos de idade. Nesse período a criança percebe que não precisa substituir os pais, mas passa a querer superá-los, o que gera a revolta adolescente.
Com a puberdade, o adolescente então chega a chamada fase genital e, com ela, ao fim do complexo de Édipo.
O complexo de Édipo traz problemas?
O complexo de Édipo é natural na idade certa; porém, se a criança não consegue superá-lo na entrada da puberdade, pode trazer grandes danos a psique e gerar transtornos emocionais e de relacionamento a longo prazo.
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