Os arranjos de família têm passado por diversas transformações nas ultimas décadas, porém algo que é constante em qualquer formato de arranjo familiar, além do sentimento mútuo, é o papel desempenhado pela família na construção psicológica de todos os membros, especialmente as crianças.
Em primeiro lugar, o ser humano é um animal social e tem a necessidade biológica de se encaixar e pertencer à um grupo. O primeiro e mais influente grupo na vida de todas as pessoas é a família, portanto, a nossa personalidade é moldada a fim de pertencer e nos destacar na família.
Em segundo lugar, quanto mais nova é a criança, menos recursos psicológicos e cognitivos ela possui. Dessa forma, todas as informações que chegam para a criança são muito intensas e marcantes. Um exemplo comum dessa condição de fragilidade emocional infantil é a sensação de abandono que a criança sente no primeiro dia de aula. Ela não tem estrutura cognitiva para entender que a mãe voltará para buscá-la e não tem estrutura emocional para perceber que, apesar de não estar com a mãe, há pessoas ali que cuidarão dela.
Ainda existe um terceiro ponto a ser mencionado. O nosso “eu” – personalidade – é formado por uma mediação de desejos e obrigações. Os desejos vem de uma estrutura psíquica chamada id, com a qual já nascemos e as obrigações vem de outra estrutura chamada superego. O superego é construído desde as nossas primeiras obrigações na infância, como guardar brinquedo, fazer xixi no vaso e não comer terra. Sendo assim, as proibições e permissões dadas por nossos pais na infância são fundamentais para construir aquilo que somos e que podemos até aperfeiçoar, mas nunca mudar integralmente ao longo da nossa vida.
Isso posto, fica claro a importância da estrutura familiar na construção de quem somos, em qualquer fase da vida. Aquilo que nos formou quando éramos criança ainda se reflete em nós adultos. Para aquilo que gostamos e rejeitamos em nossa personalidade a nossa família foi, propositalmente ou sem querer, a principal influenciadora.