PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NO AMBIENTE  ESCOLAR

Muito tem se falado sobre psicopedagogia, mas ainda existe muita dúvida sobre o que essa profissão agrega à aprendizagem dentro do ambiente escolar. Antes de mais nada, é fundamental explicar, resumidamente, a importância deste profissional no espaço institucional e a diferença desta abordagem para a atuação clínica, pois mesmo descrevendo sobre os problemas já existentes na escola e que ficaram mais notórios no momento de pandemia também existem problemas consequentes do contexto atual.

Problemas já existentes:

Transtornos e dificuldades;

Práticas metodológicas e didáticas de ensino;

Convivência da equipe pedagógica e de funcionários;

Recursos utilizados

Problemas consequentes do contexto atual:

Baixa autoestima;

Medo e inseguranças ocasionados por perdas de pessoas queridas;

Falta de interesse no conteúdo ensinado devido questões familiares, como: desemprego, divórcios e doenças;

Dificuldades nas interações sociais;

Notícias preocupantes divulgadas na mídia

Entre outros fatores já existentes, mas que nesse período, início e alta do contágio da doença Covid 19, tiveram seus índices aumentados significativamente. Mas estes fatores vão ser melhor abordados na seção 2 “A importância e a funcionalidade da psicopedagogia Institucional no âmbito educacional na atualidade”.

Como relatado acima, os problemas já existiam, exceto o contágio da COVID 19, mas foram agravados nos últimos dois anos (2020 e 2021).

 

Diferença da psicopedagogia clínica e institucional

Mediante todos estes problemas, o psicopedagogo já estudava e intervinha no processo de aprendizagem. Como visto, tais problemas podem ser ocasionados por diferentes fatores. Então, é importante diferenciar as diferentes abordagens deste profissional, para entender melhor sua atuação no campo institucional.

Institucional: Deve ter a função principal de prevenir problemas educacionais como também mediar entre a pessoa e a causa da dificuldade de aprendizagem, tratando o grupo (equipe e o indivíduo, juntos).

Clínica: Deve ter a função terapêutica, pois observa se que o aprendente/paciente está com muita dificuldade de aprendizagem e precisa de um acompanhamento individualizado. Geralmente este atendimento ocorre fora do ambiente escolar, é individualizado e utiliza técnicas apropriadas através do diagnóstico.

A função do psicopedagogo seja clínico ou institucional é investigar, prevenir e tratar. Como o enfoque é a função do psicopedagogo institucional, sua atuação está mais detalhada e caracterizada abaixo para maior compreensão:

Acompanhamento de perto o funcionamento da equipe pedagógica e comunidade escolar;

Observação da prática docente como também da gestão e dos funcionários, assim como o relacionamento da família com a escola;

Aprimoramento de projetos de sucesso já existentes;

Propondo mudanças no trabalho da equipe escolar quando necessário;

Trazendo recursos e propostas que ajudem na metodologia utilizada pelo professor e gestão;

Promovendo reuniões para a capacitação dos profissionais, proporcionando um espaço para construir soluções e projetos para melhor desempenho de todos.

Para contribuir na resolução destas dificuldades, através destas ações citadas é produzido um plano de diagnóstico da realidade institucional logo após realiza se um plano de intervenção baseado nesse diagnóstico que possibilita um trabalho mais específico e eficaz.

 

Termos técnicos utilizados no contexto da psicopedagogia

Para exemplificar o conteúdo de trabalho deste profissional, é citado abaixo a diferença de transtornos, dificuldades de aprendizagem, deficiências, como também problemas emocionais causados pela pandemia e que influenciam no processo de ensino aprendizagem.

A Dificuldade de aprendizagem refere-se a pessoa que tem uma maneira diferente de aprender. Trata-se de uma dificuldade pontual, um obstáculo ou sintoma que pode ser proveniente do meio em que vive, cultural, quanto a um cunho cognitivo ou até mesmo emocional. Muitas destas dificuldades podem ser resolvidas na ambiente escolar e estão ligadas a uma determinada maneira de explicar, metodologia ou uma maneira de aprender, podendo ser resolvidas com aulas particulares ou monitorias.

Como pode ser visto na citação do livro “Transtorno de aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar”, pg. 94

“Um cérebro com estrutura normal, com condições funcionais e neuroquímicas corretas e com um elenco genético adequado não significa 100% de garantia de aprendizado normal. Pelo contrário, muitos estudiosos têm tido a preocupação, Há mais de um século, de mostrar as atuações extras SNC que interferem na aprendizagem.”

Já os Distúrbios ou Transtornos de Aprendizagem estão relacionados a um grupo de dificuldades específicas correspondentes a parte orgânica, as disfunções neurológicas, ou seja, neurônios de conexão.

O cérebro neste caso funciona de forma diferente, pois mesmo sem apresentar comprometimento físico, social ou emocional a pessoa não consegue compreender os conteúdos. Não significa que é impossível aprender, já que o quadro pode ser reversível, necessitando de métodos adequados para cada indivíduo e a ajuda de uma equipe profissional multidisciplinar individualizada.

Tais transtornos podem ser divididos em: Transtornos mentais (transtornos de espectro autista, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade); Transtornos específicos de aprendizagem (dixlexia, disgrafia, discalculia e superdotados)

E também tem o conceito de deficiências que são caracterizadas por limitações físicas que dificultam o aprendizado, mas não o impossibilitam. Podem ser classificadas como: Intelectual, auditiva, visual e motora.

Também existem as dificuldades causadas por um momento tenso, que é o momento de pandemia; estas podem agravar situações já existentes como citado acima ou provocar outras como medo, ansiedades… Problemas emocionais que se relacionam diretamente com o interesse pelos estudos e o processo de aprendizagem.  

O que pode ser observado na citação abaixo, retirada do artigo “Abordagem Gestáltica e Psicopedagogia: um olhar compreensivo para a totalidade criança-escola”,

“Nesse processo, os aspectos motivacionais e emocionais do indivíduo apontarão as figuras para as quais se direcionarão a atenção, a percepção e a memória relevantes à aprendizagem e desenvolvimento intelectual. Dessa forma, diante da totalidade que compreende o ambiente social, físico e psicológico do contexto escolar – tido como uma unidade total de significações -, é o mundo interior da pessoa, sua percepção e o significado existencial do ambiente que determinarão a figura e o fundo no fenômeno. Em outras palavras, é o aluno que, de acordo com as suas necessidades e interesses singulares (sua subjetividade), identificará e direcionará sua percepção para aspectos específicos do que lhe é oferecido pela escola.”

Portanto, existem vários fatores que influenciam a aprendizagem e o psicopedagogo tem a responsabilidade de estudar e identificar esses aspectos, contando com uma equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, entre outros). Para que com as prevenções e intervenções adequadas possa contribuir na melhora ou superação das dificuldades encontradas.

 

Fatores motivacionais na contribuição do aprendizado

Levando em conta o profissionalismo e suas responsabilidades mediante o problema é importante ressaltar o papel da família que, aliado ao profissional, alcança resultados. Não pode se substituir as funções ou as atribuições de cada âmbito: familiar, escolar e profissional.

No período de enfrentamento da COVID 19, a estrutura familiar foi muito afetada; se esta estrutura já era importante para problemas rotineiros, após este momento se tornou muito mais relevante.

Destaca-se que é essencial a participação do todos neste processo de ajuda nas dificuldades encontradas na escola. E o foco do artigo é a função do profissional: Psicopedagogo Institucional; este por sua vez não trabalha sozinho, mas intervém e direciona outros agentes neste processo, como a família.

A Influência familiar é tão importante que é uma das primeiras e principais fontes de aprendizado. Seja por condições biológicas ou afetivas; como exemplo pode se dar a relação do feto com a gestante, pois o feto está totalmente ligado a gestante,  já que a família deveria receber o bebê com expectativa e amor, pois naturalmente um bom relacionamento intrapessoal produz saudáveis expectativas (amor, ternura, afeto, dedicação..) sobre o ser gerado (bebê). Quando isto não ocorre afeta o desenvolvimento não apenas cognitivo, mas social e emocional.

A importância desta etapa pode ser comprovada através das técnicas utilizadas por psicopedagogos como a anamnese (entrevista feita por um profissional para a família do atendente ou aluno, depende da abordagem: clínica para atendente e institucional para aluno, a fim de conhecer o histórico do indivíduo).

Todos que já tiveram contato com a educação escolar em seu histórico, tiveram profissionais que, com sua afetividade, proporcionaram uma experiência positiva e um ambiente saudável agradável para isto, incentivando e facilitando o gostar de determinadas disciplinas.

Quando não ocorre essa experiência positiva, muitas vezes não tem a iniciativa para estudar ou até mesmo uma aversão a isto.

A psicopedagogia institucional utiliza desta ferramenta e outras para proporcionar uma experiência positiva na educação, principalmente em tempos de pandemia, como:

Oferecer atividades que sejam possíveis de ser compreendidas e que permitam ao educando saber que pode realizar o que é solicitado, esclarecendo suas dúvidas;

Proporcionar desafios educacionais que serão possíveis de se alcançar com o auxilio deste profissional, inicialmente e depois com mais autonomia;

Disponibilizar recursos que auxiliem o processo de aprendizagem;

Encorajar através do elogio e de falas apontando potenciais e as  possibilidades de superação.

Estas atitudes possibilitam ao educando ver que é possível acertar e querer continuar acertando. Pois o processo de ensino/aprendizagem pode ter exigências que não são acompanhadas pela estrutura educacional adequada e com isto pode causar o fracasso escolar,desafio a ser superado, e isto exige maturidade que o aluno em determinadas faixas etárias não tem. Sendo assim tão importante a atuação do psicopedagogo e os recursos utilizados.

Estas ferramentas ou ações, constroem experiências e conhecimentos. Como descrito, o aluno é impulsionado a aprender, visto que é um desafio que pode ser alcançado, pois suas dificuldades são trabalhadas gradativamente por este profissional.

As ações citadas acima são um dos componentes utilizados pelo psicopedagogo, mas existem outros meios de se alcançar o objetivo, como por exemplo através de jogos elaborados, confeccionados ou comprados, dinâmicas, brinquedos, recursos didáticos (livros, exercícios…) que são trabalhados de forma individualizada ou em grupo.

Tais recursos quando adquiridos pelo profissional muitas vezes não vem com o objetivo já pronto. Mas através do estudo, qualificação e atualização deste profissional, proporciona ao recurso adquirido ter fins e objetivos psicopedagógicos, pois cada intervenção deve ser planejada e estudada, incluindo a utilização dos recursos.

Por isto, livros, artigos, documentos e outros meios de atualização são fontes de pesquisa para embasamento do planejamento, pois ajudam o psicopedagogo entender o processo de aprendizagem de cada indivíduo e qual a melhor intervenção.

E o presente artigo, visa trazer a contextualização do momento atual para o psicopedagogo institucional, cooperando para a compreensão e planejamento da sua prática a fim de alcançar os objetivos da melhor maneira.

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– Por: RACHEL EMANUELLE SANTOS BARRETO, psicopedagoga formada pelo Baroni Educar

 

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