Como identificar transtornos de aprendizagem em crianças

Foto de um menino asiático lendo de óculos, como ilustração ao artigo sobre transtornos de aprendizagem.

 

O transtorno de aprendizagem envolve uma variedade de problemas e dificuldades na forma que a criança recebe e processa informações. Existem diferentes transtornos de aprendizagem, e podem estar presentes em crianças e adultos. Seus tipos mais comuns envolvem problemas com leitura, escrita, matemática, raciocínio, audição e fala. 


Porém, como identificar e diferenciar transtornos de aprendizagem e problemas corriqueiros com tarefas? Afinal, cada aluno aprende em seu próprio ritmo, e certas dificuldades podem ser passageiras, sem maiores prejuízos à vida escolar e social. 


Entenda neste artigo como identificar os diferentes tipos de transtorno de aprendizagem na infância, seus efeitos e qual a melhor postura a se tomar diante deles. 

 

O que são os transtornos de aprendizagem?

Os transtornos de aprendizagem são identificados por dificuldades na leitura, escrita ou matemática e podem indicar falta de aptidão com o uso da linguagem – falada ou escrita – ou complicações cognitivas que afetam o raciocínio e habilidades matemáticas. 

Podem surgir de variadas formas e intensidades. Algumas pessoas podem apresentar sintomas leves, sendo capazes de viver com independência. No entanto, transtornos mais severos podem levar à necessidade de cuidados intensivos, além de ajuda para realizar atividades cotidianas.

Foto de uma mãe ajudando sua filha, uma criança de aproximadamente 10 anos, a digitar no notebook.
Mãe ajudando a filha a pesquisar na internet. Fonte: Pexels.

Não se sabe exatamente a causa de todos os transtornos de aprendizagem. É possível nascer com um transtorno, ou desenvolver ao longo da vida por conta de acidentes ou doenças durante a infância. É importante pontuar que, embora o transtorno de aprendizagem possa ser desenvolvido ao longo da vida, é comum que o paciente apenas não tenha recebido o diagnóstico durante o período escolar, o que pode trazer prejuízos na vida acadêmica e profissional.

O DSM-V, Manual Estatístico e Diagnóstico, define o transtorno de aprendizagem como um transtorno do neurodesenvolvimento de origem biológica. Segundo o livro, o transtorno é resultado de uma interação de fatores que influenciam a capacidade do cérebro de perceber e processar informações.

Já de acordo com o CID-10, a origem dos transtornos de aprendizagem é desconhecida, ainda que os fatores biológicos sejam considerados como a mais possível causa. 

Ambos os manuais chamam a atenção para o fato de os transtornos de aprendizagem não resultarem de circunstâncias escolares, traumatismos, comprometimentos visuais ou auditivos e comprometimento da inteligência.

Os transtornos de aprendizagem não possuem cura, mas é possível tratá-los por meio de apoio e intervenção para que a criança possa aprender e se desenvolver satisfatoriamente.

 

Diferença entre dificuldade e transtorno de aprendizagem

Uma dificuldade de aprendizagem pode ser definida por uma condição onde existe um obstáculo específico para o desenvolvimento. A dificuldade pode desaparecer espontaneamente, ou precisar de monitoramento pedagógico, mas o fato é que ela pode ser plenamente superada.

Foto das mãos de uma criança desenhando uma tabela em um caderno quadriculado.
Criança em atividade escolar. Fonte: Pexels.

 

Já o transtorno de aprendizagem constitui uma condição neurobiológica sem cura, e afeta o aprendizado da criança em diversas áreas da vida. Com o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado, a criança com transtorno de aprendizagem pode ter uma vida plena. Do contrário, a frustração por não conseguir acompanhar os colegas pode dificultar ainda mais a trajetória escolar da criança, além de refletir em problemas para ganhar independência e desenvolver relações sociais.

Como identificar os transtornos de aprendizagem?

Em ambiente escolar, é normal que as crianças apresentem dificuldades específicas. Porém, quando houver suspeita de que uma criança esteja precisando de atenção especial, e suas dificuldades não melhorarem com o tempo, é possível observá-la de acordo com os quatro critérios para o diagnóstico do transtorno de aprendizagem, desenvolvidos pelo DSM-V. São eles:

  1. ​​Os sintomas persistem por pelo menos 6 meses, apesar da ajuda extra ou instruções específicas; 
  2. As habilidades afetadas estão abaixo das expectativas da idade e causam prejuízo nas atividades acadêmicas, ocupacionais ou cotidianas, conforme confirmado por testes e avaliação clínica; 
  3. O problema começa durante os anos em idade escolar;
  4. Problema não devido a outras condições (como Deficiência Intelectual, visão ou deficiência auditiva).

Ao detectar um transtorno de aprendizagem, é importante informar os responsáveis pela criança sobre sua necessidade de acompanhamento multidisciplinar. Os resultados a longo prazo não dependem somente do desempenho escolar, mas também de qualidades pessoais e fatores sociais.

 

Os tipos mais comuns de transtorno de aprendizagem

Disgrafia: falha na aquisição da escrita. A disgrafia se apresenta de diferentes formas. Por exemplo, dificuldade de aprender a escrever; letra ilegível; dificuldades e lentidão ao digitar, desenhar letras e palavras.

Disortografia: se apresenta na forma de textos mal estruturados. Ou seja, textos desorganizados, com vocabulário curto, além de muitos erros ortográficos.

Discalculia: é a inabilidade ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou racionar os processos matemáticos. A criança pode ter dificuldade em compreender os símbolos matemáticos, memorizar e organizar números.

Dislexia: A dislexia é um transtorno de aprendizagem que afeta a leitura. A gravidade varia em cada criança, mas pode afetar a fluência da leitura, decodificação, compreensão, recordação, escrita, ortografia e, às vezes, a fala.

Transtorno da linguagem oral/escrita: Esse transtorno de aprendizagem afeta a compreensão do que se lê ou a linguagem falada. A capacidade de se expressar com a linguagem oral também pode ser afetada.

Dificuldades de aprendizagem não-verbais: Transtorno de aprendizagem caracterizado por uma discrepância significativa entre habilidades verbais e motoras, visuais-espaciais e sociais. Normalmente, a criança tem problemas para interpretar sinais não-verbais, como expressões faciais ou linguagem corporal, e pode ter pouca coordenação.

TDAH — Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: O transtorno inclui dificuldade em manter o foco, prestar atenção e hiperatividade. Embora o TDAH não seja considerado um transtorno de aprendizagem, pesquisas indicam que muitas crianças com TDAH também têm um transtorno de aprendizagem e que as duas condições podem interagir, tornando a aprendizagem extremamente desafiadora.

Dispraxia: Transtorno caracterizado pela dificuldade no controle muscular, que causa problemas de movimento e coordenação, linguagem e fala e pode afetar o aprendizado. Embora também não seja um transtorno de aprendizagem, a dispraxia geralmente aparece com dislexia, discalculia ou TDAH.

Função Executiva: Ineficiência nos sistemas de gerenciamento cognitivo do cérebro que afeta uma variedade de processos neuropsicológicos, como planejamento, organização, elaboração de estratégias, atenção e lembrança de detalhes e gerenciamento de tempo e espaço. Embora não seja um transtorno de aprendizagem, os diferentes padrões de fraqueza no funcionamento executivo são quase sempre encontrados nas crianças com transtornos de aprendizagem ou TDAH.

 

Como agir diante de um transtorno de aprendizagem?

Ao identificar um ou mais sintomas, é preciso dar início a um acompanhamento com diferentes profissionais, dependendo do transtorno de aprendizagem: fonoaudiólogos, psicólogos e principalmente psicopedagogos.

Foto de uma sala de aula com diversas crianças estudando. A professora atende um aluno em sua mesa.
Professora monitorando o aprendizado dos alunos em sala de aula. Fonte: Pexels.

Em seguida, o profissional de saúde deverá avaliar a criança para completar o diagnóstico e emitir um laudo. Dessa forma, a criança poderá ser encaminhada para um profissional da especialidade adequada, como neurologista, neuropediatra ou até mesmo psiquiatra. 

Se você possui interesse em se tornar um dos profissionais que apoiam crianças com transtorno de aprendizagem, existem diferentes caminhos. Você pode buscar uma pós-graduação em psicopedagogia institucional e clínica, por exemplo. 

Há também o curso de qualificação para Mediador Escolar. Nele, você aprenderá sobre a figura do mediador e sua relação com professores, alunos e familiares, além de se aprofundar sobre transtornos de aprendizagem e também de comportamento, como autismo, TDAH, dislexia, síndrome de down e outros.

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