Todos nós sabemos o quanto o professor é importante na vida de seus alunos; também sabemos como a educação pode transformar a sociedade e mudar vidas. Infelizmente também sabemos que a realidade brasileira em sala de aula não é a mais favorável: há desvalorização do professor, violência, falta de infra-estrutura e de material básico para o trabalho. Mesmo assim, o professor continua trabalhando, entrando todos os dias nas salas de aula superlotadas, dando o seu melhor com os poucos recursos que tem e muitas vezes gastando o próprio salário, que sabemos que é pouco, para poder dar a melhor aula possível. Ser professor é um chamado, uma missão. Hoje eu gostaria de dar 5 dicas para ajudar o professor a lidar com a o dia-a-dia de sala de aula e com os alunos mais desafiadores.
1. Elabore o material didático com a turma
Muitas escolas não oferecem o material didático adequado e nem sempre o professor pode custeá-los com o próprio salário, obrigando o professor a realizar aulas mais teóricas, o que pode tirar o interesse da turma.
Uma maneira de contornar essa falta de recursos é elaborando o material didático junto com os alunos (essa elaboração pode valer como nota). Além de viabilizar o material para aulas mais dinâmicas, esse trabalho ainda desperta o interesse do aluno pelo material, melhorando a sua conservação, além de trabalhar sua criatividade e desenvolver habilidades motoras e cognitivas importantes.
Outro ponto interessante pode ser utilizar material reciclável que os próprios alunos tenham em casa, trabalhando também a sustentabilidade.
2. Identifique as dinâmicas da turma
Cada sala de aula é um microssistema organizado e os alunos desempenham papeis específicos. Observe como funciona as dinâmicas sociais da sala de aula, quais são os grupos, quem são os líderes, quais são os articuladores, etc.
Ao compreender essa dinâmica fica mais fácil a aproximação afetiva com os alunos, se você cativar os líderes, eles influenciarão os demais a se envolver na disciplina. Se encontrar disputas internas você será capaz de contorná-las; se observar exclusão de alunos, poderá trabalhar na sua inclusão, etc.
3. Aproxime-se dos “alunos-problema”
Os alunos levados, desinteressados e desmotivados costumam ser considerados “alunos-problema” e o professor tende a evitá-los para que não estraguem a harmonia da sala. Porém, como professor, devemos entender que o aluno tem suas razões para agir daquele jeito, seja por influência da família, relações externas à escola ou até a relação com a própria escola e colegas. Ao invés de evitar esse aluno e “deixá-lo quieto”, invista uma parte do seu tempo para se aproximar dele, compreendê-lo e mostrar que ele não precisa ter esse tipo de comportamento.
Os “alunos-problema” são os que mais precisam dos professores, mesmo que não saibam disso. Aproximar-se de um aluno que todos evitam pode transformar a vida dele, mais do que de qualquer outra criança.
4. Não isole os alunos com dificuldade ou inclusão.
Infelizmente, nem a formação de professores, pedagogia ou licenciatura preparam o professor para alunos com deficiência ou com alguma dificuldade de aprendizagem, nem o sistema educacional brasileiro está devidamente preparado para recebê-los. Mas eles existem e estão em diversas turmas de inclusão, muitas vezes sem material adaptado, sem mediador ou orientação pedagógica. Mas, seja como for, a inclusão não pode ser apenas a manutenção e permanência do aluno da turma. Ele tem que, de fato, fazer parte da turma.
Por isso não os isole, colocando-os para pintar ou dormir enquanto os outros alunos copiam do quadro; não deixe a mediadora se tornar a professora dele, enquanto você ensina o restante da turma; não o deixe de fora de alguma atividade por que ele não quer fazer.
É claro que esse aluno muitas vezes não será capaz de acompanhar a turma, mas isso não pode impedí-lo de participar. Mesmo que ele ainda esteja nas primeiras letras quando os demais alunos já terminaram de copiar o texto, faça-o copiar, assim como os outros. Mesmo que ele não entenda tão bem a dinâmica, explique outras vezes, mas permita sua participação. Só assim haverá a verdadeira inclusão.
5. Trabalhe com as emoções dos alunos
Muitas já ouviram falar do termo inteligência emocional, mas poucos realmente sabem o que é e como trabalhá-la. A inteligência emocional é a capacidade de entender e identificar os próprios sentimentos e os das outras pessoas, tornando-nos mais empáticos e sensíveis outros, melhorando nossa relação interpessoal, autoconhecimento e auto-estima. Além de compreender, podemos gerenciar nossas emoções, controlar situações de conflitos no ambiente em que vivemos.
É um dos papéis da escola auxiliar, tanto alunos quanto professores, para que a habilidade de autoconhecimento, autocontrole, empatia e socialização sejam trabalhadas pelo próprio aluno de forma que ele as entenda e saiba lidar com isso, sendo orientado pelo professor.
Sendo assim a educação emocional não é uma disciplina escolar, mas um trabalho cotidiano que permeia toda a rotina e dinâmica da escola. Embora o ideal fosse que todo educador estudasse inteligência emocional, algumas técnicas simples podem ser aplicadas para contribuir com a evolução da educação emocional, como observar as próprias reações durante acontecimentos na rotina, e como os alunos reagem às suas ações, olhar com cuidado para os sentimentos e evitar julgar as emoções, praticar empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro, dar valor as emoções deixar que elas fluam naturalmente sem repressões. Dessa forma, é possível manter em movimento o trabalho de desenvolvimento da educação emocional não só na sala de aula, mas também fora dela.
Seguindo essas 5 dicas simples, o professor pode construir um ambiente de aprendizado mais equilibrado e prazeroso e melhorar sua relação com cada aluno e as relações entre os alunos.
Sabemos que ser professor no Brasil não é uma tarefa fácil, mas você, professor, pode sempre contar com o Baroni Educar para fazer dessa missão de vida que é ensinar uma tarefa mais leve e prazerosa.
Feliz dia dos professores todos os dias!
Obs.: Dedico esse texto aos grandes mestres da minha vida que me tornaram quem sou e aos meus alunos que me permitem melhorar a cada dia.
Luisa Baroni